Avaliação:
Título original: Hall Pass
Gênero: Comédia
Ano de lançamento: 2011
Direção: Peter Farrelly, Bobby Farrelly
Elenco: Owen Wilson
Jason Sudeikis
Jenna Fischer
Christina Applegate
Richard Jenkins
Os irmãos Peter e Bobby Farrelly alcançaram o sucesso dirigindo filmes como "Débi & Lóide" e "Quem Vai Ficar Com Mary". Após um tempo fazendo filmes medianos, os dois voltam à sua melhor forma com a ótima comédia "Passe Livre".
No filme, Rick (Owen Wilson) e Fred (Jason Sudeikis) são dois homens de meia-idade, casados, mas que não conseguem conter seus instintos adolescentes de olhar para belas mulheres. Os dois imaginam que se fossem solteiros fariam de tudo, e conseguiriam a mulher que quisessem. Indignadas com as atitudes adolescentes de seus maridos, Maggie (Jenna Fischer) e Grace (Christina Applegate) decidem dar a eles um passe livre, que consiste em uma semana de folga do casamento, sem compromisso algum, para que ambos façam o que quiserem sem nenhum tipo de remorso.
Assim como em "Débi & Lóide", os diretores apostam no constrangimento de seus protagonistas para fazer rir, como na cena da masturbação de Fred no carro, ou naquela que considero a melhor cena do filme, quando Rick e Fred zombam dos donos da casa que visitavam e de seus convidados sem ao menos imaginar que estavam sendo vistos e ouvidos. Mas se no filme estrelado por Jim Carrey os personagens principais divertiam por serem absolutamente retardados, aqui temos uma dupla mais experiente, com trabalhos fixos e um lar para sustentar, mas igualmente estúpida e hilariante.
O longa é absurdamente engraçado, provocando gargalhadas do início ao fim. Fred mostra-se completamente sem noção (no bom sentido) ao chegar de carro a um bar e carregar consigo um capacete de motociclista, dizendo que "as gatas adoram motos". Os dois quarentões saem na noite em busca de mulheres, mas o esforço deles é frustrado pela sua total incapacidade de chegar em uma garota, usando de cantadas enferrujadas que parecem ter sido retiradas do programa do Rodrigo Faro, "O Melhor do Brasil", gerando mais momentos hilários.
Talvez a maior força do filme esteja em usar algumas piadas várias vezes sem parecer forçado, fazendo com que elas tornem-se mais engraçadas a cada vez que são usadas, como as "fotos mentais" tiradas por Fred no início e por Rick perto do fim do filme. Ou quando Fred revela o "truque do sexo oral" em uma mulher para usá-lo mais tarde e causar uma briga na última cena. Outras cenas também merecem destaque, como por exemplo quando os protagonistas, acompanhados de alguns amigos, experimentam brownies preparados com maconha. Mas realmente inesquecíveis são as piadas escatológicas, como quando um personagem diz que tem que ir ao banheiro de casa porque sabe que depois tem que tomar banho, ou quando uma coadjuvante senta-se na banheira fazendo força para vomitar e acaba sujando toda a parede do banheiro após alguns "gases não controlados".
O que torna os protagonistas tão frustrados e engraçados é o fato de não conseguirem ficar com mulher nenhuma mas mesmo assim sentirem remorso, ao passo que suas esposas curtem a semana de folga sem qualquer arrependimento, o que era a verdadeira premissa do "Passe Livre". Com um elenco inspirado e diretores mais inspirados ainda, o filme é a prova de que Peter e Bobby Farrelly não perderam o jeito das suas melhores comédias.