quarta-feira, 23 de abril de 2014

Opinião: "Detona Ralph"


 Avaliação:

Título original: Wreck-It Ralph
Gênero: Animação, aventura
Ano de lançamento: 2012
Direção: Rich Moore
Elenco: John C. Reilly
           Sarah Silverman
           Jack McBrayer
           Jane Lynch

 
      Como já disse na crítica de Resident Evil 4: Recomeço, filmes baseados em videogames geralmente deixam a desejar. Poucos haviam sido dignos de nota, até que uma animação da Disney finalmente deu ao mundo dos games uma homenagem de primeira: “Detona Ralph”, lançado no final de 2012, consegue ser divertido, enérgico e emocionante, podendo facilmente levar o espectador às lágrimas.
      O longa não é uma homenagem a um jogo específico, mas sim ao mundo dos arcades, os tradicionais jogos de fliperama. O protagonista é o vilão do jogo “Conserta Felix Jr”, Ralph, que, no aniversário de 30 anos de seu jogo, não é convidado para a festa e decide “aparecer”. Tratado com indiferença pelos personagens secundários (seres pequenos que se movimentam de maneira engraçada, típica dos jogos antigos), Ralph decide conseguir uma medalha de qualquer maneira para poder ser respeitado por seus colegas.
      Ralph, então, invade o “Missão de Herói”, um avançado game em 3D, e conquista, à sua maneira, a medalha tão esperada. Porém, ele tem problemas ao fugir da torre principal do jogo: ao entrar na nave, é perseguido por um insetrônico e acaba sofrendo um acidente, caindo no jogo “Sugar Rush”. Lá, conhece Vanellope von Schweetz, uma garotinha que é proibida de correr em seu jogo por ser considerada um “bug” do sistema. Vanellope define a si mesma como tendo “pixelexia”, um problema que gera falhas em sua aparência e em seus movimentos.
      “Detona Ralph” tem uma fantástica direção de arte, que cria cenários impressionantes como a torre dos insetrônicos do jogo “Missão de Herói”; o mundo colorido e adocicado de “Sugar Rush”, onde há o impressionante e bem bolado “vulcão de Mentos”; e ainda o mundo bidimensional, mas não menos interessante, do jogo “Conserta Felix Jr". E os elogios não são só para os jogos, mas também para a estação central, localizada especificamente na régua de energia, onde os personagens de todos os games se integram e interagem entre si. Interação que também é mostrada na reunião dos vilões anônimos, uma das melhores sacadas do filme. É na reunião que, nos primeiros minutos de projeção, Ralph diz que não gostaria mais de ser o vilão, causando espanto em seus companheiros.
       Há ainda outros personagens importantes para a narrativa, como o Rei Doce, o soberano do jogo “Sugar Rush” que tem motivos misteriosos para não deixar Vanellope competir; a sargento Calhoun, que sai do jogo “Missão de Herói” em busca do insetrônico fugitivo e tem a ajuda de Felix, o protagonista do jogo “Conserta Felix Jr”.  Este último, por sinal, é responsável por um dos melhores momentos do filme, quando dá uma cantada em Calhoun, dizendo: “Olha a alta definição do seu rosto”.  Temos, ainda, a participação especial de inúmeros personagens de games, como Sonic, Pacman, Bowser, Zangief, Chun Li, Blanka, Ryu, Ken, e muitos outros, causando ainda mais nostalgia no público.
      Do ponto de vista narrativo, “Detona Ralph” também é surpreendente, lembrando “Toy Story”. Se um brinca com a possibilidade de os brinquedos ganharem vida quando não estamos olhando, o outro cria um verdadeiro universo nos bastidores dos videogames, conferindo personalidades únicas aos seus personagens e dando a eles “momentos de descanso”, onde, longe dos olhos das crianças, eles vão a um bar, visitam os amigos, enfim, vivem como humanos em seus momentos de lazer.
      Mas não é somente de homenagens aos games que vive o longa, afinal, trata-se de uma aventura dentro de um videogame. Aventura essa presente em toda a projeção, agradando a baixinhos e altinhos.  “Detona Ralph” ainda tem tempo para emocionar o público, com uma verdadeira história de companheirismo e amizade. O brilhante roteiro cria uma divertida e forte amizade entre Ralph e Vanellope, e vê-lo tentar acabar com o sonho dela apenas para protegê-la é de cortar o coração.
      O longa ainda dá sinais de que os filmes da Disney estão se tornando cada vez mais “pixarizados”, ao passo que a Pixar caminha para sua “disneyzação”.