terça-feira, 13 de novembro de 2012

Opinião: "Tubarão"


Avaliação:

Título original: Jaws 
Gênero: Terror, suspense
Ano de lançamento: 1975
Direção: Steven Spielberg
Elenco: Rob Scheider
             Robert Shaw
             Richard Dreyfuss
             Murray Hamilton

      "Contatos Imediatos de Terceiro Grau"; "E.T., o Extraterrestre"; "Indiana Jones"; "Jurassic Park"; "A Lista de Schindler"; "Amistad"; "O Resgate do Soldado Ryan"; "A.I. - Inteligência Artificial"; "Minority Report"; "Guerra dos Mundos". O que esses filmes de grande sucesso de público e crítica têm em comum? Todos eles foram dirigidos por uma das mentes mais brilhantes de Hollywood: Steven Spielberg, o diretor que tem mais filmes entre os 100 maiores sucessos de bilheteria da história. Mas talvez nenhuma das obras citadas acima teria existido se não fosse a primeira obra de sucesso de Spielberg: "Tubarão", de 1978, o longa responsável por abrir de vez as portas de Hollywood para um até então diretor desconhecido de apenas 27 anos, dono de uma mente cheia de ideias geniais.
      "Tubarão" não foi o filme de estreia de Spielberg, mas foi seu primeiro grande sucesso comercial, e é considerado o pai dos blockbusters, filmes arrasa-quarteirões que faturam milhões de dólares nas bilheterias. No filme, a cidade de Amity vive basicamente do turismo, por ser situada no litoral. O problema começa quando o corpo de uma garota é encontrado na praia com sinais de ataque de tubarão. O prefeito Larry Vaugh (Murray Hamilton) decide então omitir o caso da população para não afastar turistas e prejudicar o comércio, para desespero do chefe de polícia Martin Brody (Rob Scheider), que pretende bloquear as praias e alertar a população sobre o perigo iminente até que o tubarão seja capturado. Ele tem o apoio de Matt Hooper (Richard Dreyfuss), um competente oceanógrafo empenhado na mesma causa do xerife.
      Martin então decide ir à praia, não para se divertir, mas para tentar proteger de alguma maneira os turistas e sua própria família. Até que ocorre um novo ataque de tubarão, dessa vez à vista de todos, causando pânico na população. O prefeito se vê então na obrigação de caçar o predador, oferecendo uma recompensa para quem consiga capturá-lo. É aí que surge Quint (Robert Shaw), um bruto caçador de tubarões que pede uma quantia exorbitante para executar a tarefa. Inicialmente contrariado, o prefeito Larry aceita a proposta de Quint, que parte acompanhado de Martin e Matt na caçada.
      O primeiro ato serve para conhecermos Amity, sua dependência do turismo, seu ar de cidade interiorana. No segundo ato passamos a conhecer o vilão da história, sua força, a feracidade de seus atos. A atmosfera de tensão é construída gradativamente, prendendo o espectador cada vez mais na história. O que contribui com isso é o fato de o tubarão em si simplesmente não aparecer nas primeiras cenas, sendo apenas a sugestão de sua presença o suficiente para causar medo e apreensão. Azar que virou sorte, já que nas primeiras cenas o tubarão mecânico usado pela produção não funcionava corretamente, o que fez com que o diretor só fosse capaz de nos apresentar a ele a partir da metade do segundo ato.
      Spielberg conduz o filme magistralmente. Impecável nas cenas mais impactantes, o diretor cria um clima assustador, mesmo que a maioria das cenas se passe com dias ensolarados. É a sugestividade de um inimigo até certo ponto invisível, mas terrivelmente fatal. Ele cria planos interessantes, como nas cenas em que vemos como se estivéssemos no lugar do tubarão, acompanhando de baixo o balançar das pernas de uma criança na água. À medida que o predador chega mais próximo de sua vítima, a trilha sonora de John Williams dá um show à parte, aumentando a tensão. Difícil não lembrar da música-tema dos ataques do tubarão, muito parodiada nos anos seguintes e até os dias de hoje.
            Marcando época, o longa faturou três Oscars: trilha sonora, melhor montagem e melhor som. Indicado na categoria de melhor filme, perdeu para "Um Estranho no Ninho". Curiosamente não foi indicado na categoria de melhores efeitos visuais que, para o ano de 1975, são impecáveis. O tubarão mecânico, por exemplo, é perfeito, passando a sensação de realidade, o que torna tudo mais assustador. Uma pena perceber que efeitos mecânicos são cada vez mais raros em Hollywood, já que é muito mais fácil e prático criar uma cena artificial em computador do que criar algo original e mais crível, como faz brilhantemente Christopher Nolan em seus filmes, seja na trilogia "Batman" ou em "A Origem". Se "Tubarão" fosse feito na época atual, por outro diretor, certamente teríamos um animal feito em computador, artificial. Poderia até ser fantástico, muito bem feito, mas dificilmente alcançaria o nível de perfeição de Spielberg.





quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Opinião: "Jogando com Prazer"

Avaliação:

Título original: Spread
Gênero: Comédia, romance
Ano de lançamento: 2009
Direção: David MacKenzie
Elenco: Ashton Kutcher
             Anne Heche
             Margarita Levieva

       Ashton Kutcher é reconhecido geralmente por fazer caras e bocas em seus filmes e mais recentemente na série "Two And a Half Men", a qual passou a protagonizar após a saída de Charlie Sheen. Mas em sua participação em "Jogando com Prazer", fraquíssimo filme de 2009 dirigido por David MacKenzie, ele não se esforça nem para fazer isso. O roteiro conta a história de Nikki (Kutcher), um bon vivant que leva uma vida de luxo concedendo prazer a mulheres ricas de meia-idade em troca de um lugar confortável para morar. Sua vítima da vez é Samantha (Anne Heche), uma rica e solitária advogada. Até que ele conhece Heather (Margarita Levieva), uma bela garçonete que logo se mostra jogar o mesmo jogo de sedução que ele.
      Sem tentar se esforçar em fazer algo diferente do habitual, o diretor David MacKenzie opta por uma condução segura, trilhando por caminhos já percorridos em inúmeras comédias românticas comuns. Mas o diferencial de "Jogando com Prazer" é que, ao contrário da maioria dos filmes do gênero, esse não tem uma história no mínimo envolvente ou engraçada, personagens carismáticos ou um romance plausível. A comédia inicialmente prometida é praticamente esquecida, aparecendo somente em uma cena inspirada, onde Nikki finge estar falando ao telefone quando ele subitamente toca. As cenas de sexo, incomuns para o gênero, após um certo tempo tornam-se cansativas, como se os personagens vivessem apenas para isso.
      A trama é chata, absurdamente lenta. Os 98 minutos de duração parecem uma eternidade. Após um certo período, o filme não tem mais para onde ir, principalmente após o terceiro ato. A personagem de Anne Heche, importante no início, simplesmente some. O fraco roteiro torna os personagens vazios, o que contribui para enfraquecer ainda mais as atuações. Kutcher, como já mencionado, não faz nem suas habituais gracinhas, atuando no piloto automático.
      Pode-se considerar "Jogando com Prazer" um mais um filme descartável na carreira de Ashton Kutcher, com a exceção de que esse não serviu nem para encher ainda mais seus cofres, já que teve uma fraca recepção. Se você tiver tido estômago para assistir ao longa até o final, certamente perderá o apetite após ver o que a última cena o reserva. É algo que encerra com chave de ouro (ou não) essa perda de tempo cinematográfica.