domingo, 15 de julho de 2012

Opinião: "A Última Música"

Avaliação:

Título original: The Last Song
Gênero: Drama, romance
Ano de lançamento: 2010
Direção: Julie Anne Robinson
Elenco: Miley Cyrus
            Greg Kinnear
            Liam Hemsworth
            Bobby Coleman

      Não é de hoje que os livros de Nicholas Sparks, o escritor mais romântico da literatura atual, são adaptados para o cinema. Já comentei isso na crítica que fiz sobre "Querido John". Pois no mesmo ano de lançamento desse filme, em 2010, outro livro de Sparks foi adaptado: "A Última Música", estrelado por Miley Cyrus e dirigido por Julie Anne Robinson.
      O filme conta a história de Ronnie (Miley Cyrus), uma adolescente rebelde que se vê obrigada a passar as férias de verão junto com seu pai, separado da sua mãe há algum tempo e vivendo em uma cidade litorânea. Ali Ronnie conhece Will (Liam Hemsworth, irmão do "Thor"), um rapaz pelo qual ela nutre um desprezo inicial, mas que logo será muito importante para ela. O que Ronnie não sabia era que seu pai, Steve (Gregg Kinnear), sofre de uma doença grave e está tentando se aproximar da filha para passar os últimos momentos junto dela. Ronnie tem um irmão, Jonah (Bobby Coleman), pelo qual mantém um carinho especial.
      A primeira metade do filme serve bem seu propósito de nos apresentar aos personagens. A rebeldia de Ronnie é bem ilustrada por suas respostas afiadas e sua indiferença com o pai. Steve passa todo o filme tentando conquistar a confiança da filha, mesmo que só receba grosserias em troca. Jonah, o caçula, serve como alívio cômico, sendo o melhor personagem do longa. E a relação entre Ronnie e Will é bem criada, sem ser um romance abrupto, criado do nada. Há química entre o casal de protagonistas, principalmente quando Ronnie decide ser mais gentil. Pena que o primeiro ato seja um pouco arrastado. Mesmo com a construção cuidadosa dos personagens, tudo ocorre de forma muito lenta, com algumas cenas conduzidas lentamente e sem propósito algum.
      O que aborrece um pouco é a atuação de Miley Cyrus. Tentando escapar da marca de Hannah Montana, a atriz acaba criando uma personagem chata, de mal com o mundo, que se irrita com qualquer coisa. Na grande maioria das vezes, a vemos criando caretas desnecessárias e agindo com uma ira desmedida, sem justificativa aparente ou suficiente. Dá vontade de entrar na tela e dar uns tapas nela para ver se acorda para a vida. Sua maldade com seu pai por vezes surge forçada, não nos permitindo acreditar que alguém pudesse ser tão cruel sem motivo com o pai que não vê há tempos.
      Esse é um tema recorrente nas histórias de Sparks, que já se tornou cansativo: o relacionamento conturbado entre pai e filho. É de se imaginar que o autor tenha passado por isso na vida, ou então esteja sem criatividade suficiente para criar coisas diferentes. Por falar em ideias reaproveitadas, até a cidade onde a história se passa é praticamente igual a de "Querido John", nos levando a confundir por certas vezes as cenas que estamos assistindo, como se já tivéssemos visto aquilo antes.
      Mas o filme se salva em sua metade final. Greg Kinnear dá alma a seu Steve Miller, um pai que só quer estar ao lado dos filhos em seus momentos finais. O carinho dado ao filho menor e a busca pelo entendimento com a filha mais velha são tocantes, nos emocionando por certas vezes. E isso acaba tornando o drama familiar o tema mais importante nas cenas finais, praticamente abandonando o romance entre Ronnie e Will para focar na luta de Steve contra a doença. As cenas derradeiras são comoventes, criando lágrimas até nos olhos mais secos. Diga-se de passagem, algo recorrente na bibliografia de Nicholas Sparks.
      Isso é o que define "A Última Música": o romance básico entre Ronnie e Will desenvolvido por toda a trama é deixado de lado, dando mais atenção ao drama de Steve. As separações constantes do casal principal, sobretudo por causa do caráter irritadiço de Ronnie, acaba cansando, o que tira a força do relacionamento.
      Não é um longa completamente chato, mas são esses pequenos detalhes que compromentem a qualidade da narrativa. É, sim, uma história tocante de amor de um pai por seus filhos, e é onde está a verdadeira força do filme.


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