Avaliação:
Título Original: The Lord of The Rings: The Two Towers
Gênero: Aventura
Ano de lançamento: 2002
Direção: Peter Jackson
Elenco: Elijah Wood
Ian McKellen
Viggo Mortensen
Sean Astin
Liv Tyler
Orlando Bloom
No começo de "As Duas Torres", é explicado o que houve com Gandalf (Ian McKellen) em sua luta com o temido Balrog. Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) continuam sua jornada em busca da Montanha da Perdição, onde destruirão o Um Anel. Aragorn (Viggo Mortensen), Legolas (Orlando Bloom) e Gimli (John Rhys-Davies) partem para resgatar Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd), sequestrados pelos uruk-hai.
Frodo e Sam percebem estar sendo perseguidos por Gollum, e o aprisionam. A criatura se oferece a levá-los ao seu destino, em troca de ser solto da corda élfica que o machucava. Frodo aceita, e até se compadece da situação de Smeagle, nome de Gollum antes de ser modificado pelo Anel. Mas Sam não tem pena da criatura, contrariando-a sempre que possível. Frodo começa a demonstrar indícios de que também está sendo afetado pelo Anel, tornando-se mais agressivo e impaciente com Sam.
Longe dali, Merry e Pippin aproveitam um combate entre os orcs e os uruk-hai para fugirem para a floresta, habitada por árvores gigantes e sábias conhecidas como ents. Eles tentam convencer os ents a ajudarem os humanos em sua batalha contra as forças de Sauron e Saruman, mas os sábios mostram-se relutantes. (Alerta de spoiler: não leia a partir daqui se ainda não tiver visto o filme) Seguindo o rastro dos hobbits, Aragorn e seus companheiros entram na floresta e são surpreendidos pelo mago branco: Gandalf, que havia derrotado seu inimigo e se tornado mais poderoso do que já era. Eles partem juntos para o reino de Rohan, onde o rei Théoden está preso em um feitiço de Sauron. (Fim dos spoilers)
"As Duas Torres" tem um desenrolar mais lento que seu predecessor. Os diálogos são bem mais trabalhados, deixando um pouco a ação de lado. Os personagens estão mais ricos, ambíguos, com dúvidas. Frodo chega até a puxar a espada para lutar com Sam, seu melhor amigo. Faramir (David Wenham), irmão de Boromir, demonstra indecisão ao sequestrar os pequenos hobbits, querendo tomar o Anel para si mas ao mesmo tempo sentindo pena dos pequeninos em uma jornada tão difícil. Mas ninguém demonstra tanta ambiguidade quanto Gollum/Smeagle. Inicialmente disposto a roubar o Anel que passou tanto tempo com ele, a criatura passa a mostrar um lado mais dócil. E é aí que surge o ótimo combate psicológico entre sua parte boa (Smeagle) e sua parte má (Gollum). A persona gentil se sobressai, chegando até a caçar para os hobbits e despertando uma amizade com Frodo, a quem chama de mestre. É sem dúvida o melhor personagem de toda a série.
Peter Jackson faz um ótimo trabalho de direção, ainda mais seguro. Além de uma abordagem mais intimista dos personagens, o diretor sente tanta segurança a ponto de modificar um pouco a história original. Mesmo que tenha acendido um ódio dos leitores mais radicais da obra de J. R. R. Tolkien, Jackson se saiu muito bem, tornando a história mais ágil e empolgante. Os fãs de obras literárias e até alguns críticos devem se abster das reclamações, pois devemos sempre avaliar livro e filme separadamente. Muitas vezes ouço, ou leio: "Ah, o livro é bem melhor", ou "Como estragaram a obra que eu tanto gostava". Mas nada foi estragado, nada foi "modificado". Foi, sim, criada uma nova obra baseada em um livro. Se essa adaptação for ruim ou não estraga o livro, torna-se apenas um filme ruim. Longe de dizer que "O Senhor dos Anéis: As Duas Torres" seja ruim, muito pelo contrário.
Os planos abertos, assim como em "A Sociedade do Anel", são um espetáculo à parte. As cenas de ação são filmadas com maestria, tendo destaque a incrível batalha no Abismo de Helm. Humanos, elfos e um anão protegendo uma fortaleza cercada por cerca de dez mil inimigos, entre orcs e uruk-hai. O enfrentamento é muito bem filmado, mesmo sendo à noite e debaixo de muita chuva. Peter Jackson conseguiu recriar uma das maiores batalhas da literatura mundial em forma de filme, tornando-se assim uma das melhores cenas de batalha da história do cinema.
Novamente somos presenteados com uma técnica primorosa. Desde a fotografia épica até a direção de arte construindo lindos cenários internos, ricos em detalhes, passando pelo figurino, tudo segue o padrão Peter Jackson de qualidade. Mas o que se sobressai são os efeitos visuais, vencedores do Oscar. O diretor e sua equipe trazem para a tela de modo perfeito a criação de Tolkien, antes considerada infilmável, seja pelos hobbits menores que humanos, seja por árvores que andam e falam, mas principalmente por Gollum. Nunca antes tivemos um personagem criado por animação computadorizada tão real. Andy Serkis emprestou seus movimentos e sua voz para o personagem, sendo assim responsável pela ótima "atuação". O ator contracenava com Elijah Wood e Sean Astin, para que depois fosse substituído pelo boneco digital, tornando a atuação de seus parceiros mais fácil e real.
"As Duas Torres" se encerra com a ótima frase proferida por um importante personagem: "A batalha por Helm terminou, mas a batalha pela Terra Média está apenas começando". O ótimo longa tem personalidade própria, gerou polêmicas entre os fãs dos livros, mas prepara muito bem o terreno para o desenrolar da história: a grande batalha contra as forças de Saruman e a árdua jornada para a destruição do Um Anel.
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