quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Opinião: "O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel"

Avaliação:

Título original: The Lord of The Rings: The Fellowship of The Ring
Gênero: Aventura
Ano de lançamento: 2001
Direção: Peter Jackson
Elenco: Elijah Wood
             Ian McKellen
             Viggo Mortensen
             Sean Astin
             Liv Tyler
             Orlando Bloom

       Foi em 2001 que conheci a Terra Média, uma terra mágica habitada por hobbits, magos, anões, elfos e também por orcs, nazgûl, trolls e uruk-hai. Eu tinha apenas 13 anos, não tinha acesso aos livros de J. R. R. Tolkien, e quando descobri esse mundo mágico, fiquei maravilhado. Não por ser uma história fantasiosa cheia de efeitos especiais mirabolantes ou cenas de ação espetaculares, como a maioria das crianças/pré-adolescentes avalia um filme. Me encantei com a saga por causa de seu ritmo ágil, por realmente ter uma história empolgante a se contar. Diferentemente dos guilty pleasures da nossa infância (aqueles filmes que gostávamos, ou gostamos até hoje, mas que com o passar do tempo percebemos os furos imensos), "O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel" é aquele tipo de filme que se torna melhor a cada revisita.
      O longa começa com a narração em off de Galadriel (Cate Blanchett), contando a história do "Um Anel" forjado por Sauron para conquistar os reinos da Terra Média. O rei dos humanos, Elendil, é morto por Sauron. Seu filho, Isildur, toma a espada do pai e decepa o dedo de Sauron, que portava o Anel. O inimigo é enfim derrotado, e Isildur, quando recomendado a destruir o Anel, é seduzido por ele, e toma-o para si. O novo rei dos humanos torna-se arrogante sob efeito da jóia, mas logo a perde. O tempo passa, o Anel está nas mãos de Bilbo (Ian Holm), um hobbit de 111 anos, mas que não aparenta mais de 60. O mago cinzento Gandalf (o ótimo Ian McKellen, que também interpreta brilhantemente Magneto na trilogia "X-Men") percebe que seu amigo está demorando mais do que devia para envelhecer, e se dá conta que o hobbit porta o Anel. O mago então convence Bilbo a deixar o Condado, e o Anel é entregue a Frodo (Elijah Wood), um jovem hobbit sobrinho de Bilbo, para que esse o leve para o vilarejo de Bree, onde eles decidiriam o que fazer.
      Frodo parte, acompanhado de seu melhor amigo, Sam (Sean Astin), mas não sem antes encontrar mais dois dos seus: Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd), dois hobbits ávidos por aventuras e criadores de confusão. Eles conhecem Aragorn (Viggo Mortensen) herdeiro direto do trono de Gondor, que lhes oferece proteção até eles encontrarem novamente Gandalf. Mas nem tudo sai como o esperado, e eles são atacados por Nazgûl, espectros protetores do Anel, almas dos antigos reis da Terra Média que foram corrompidos pelos anéis criados por Sauron, que agora estava juntando forças para retornar à vida. Frodo é gravemente ferido, e é levado às pressas para Valfenda, território dos elfos. Lá, instaura-se uma reunião que decide que o Anel precisa ser destruído, e apenas uma pessoa pura, inocente e corajosa poderia levá-lo. Frodo se oferece a portar o objeto até à Montanha da Perdição, em Mordor, território de Sauron. Alguns se prontificam a acompanhá-lo: seus amigos hobbits; Aragorn; o elfo Legolas (Orlando Bloom); o anão Gimli (John Rhys-Davies); Gandalf; e Boromir (Sean Bean), filho do regente de Gondor. Assim forma-se A Sociedade do Anel.
      O Anel, com toda a maldade de Sauron, influencia seu portador. Somente alguém de coração puro como Frodo poderia portá-lo sem ser corrompido. O sábio Galdalf usaria o Anel sem pretender mal algum, mas temia que a jóia o usasse com objetivos escusos, o que o tornaria mais letal por ser um mago. Já Boromir pretendia tomar o Anel, pois pensava que assim seria invencível diante dos inimigos. A ambiguidade do personagem é algo que torna o filme ainda mais rico. Não são todos os personagens completamente bonzinhos, assim como nós humanos não somos completamente bonzinhos. Temos defeitos, falhas, ganância, somos corruptíveis, e isso é bem ilustrado em toda a história, onde mais tarde há brigas, desentendimentos, intrigas.
      O ritmo imprimido pelo diretor Peter Jackson é ágil. A história não fica parada, a cada momento somos surpreendidos com novos fatos, batalhas, perseguições, o que torna agradável a experiência de mais de três horas. Os planos criados por Jackson são belíssimos, usando locações naturais em paisagens espetaculares na Nova Zelândia. As cenas de ação são perfeitamente coreografadas e filmadas. A montagem é ótima, sem cortes abruptos, permitindo que acompanhemos o que acontece nas cenas mais movimentadas.
      A parte técnica é impecável, tendo sido premiada com quatro Oscars: melhor maquiagem, melhores efeitos visuais, melhor fotografia e melhor trilha sonora. Essa última é responsável por dar ainda mais um tom épico à narrativa. Já a fotografia é muito bem executada. Temos o incrível contraste de muitas cores no Condado com o tom quase monocromático de Isengard e Mordor, territórios malignos onde predominantemente temos tempo escuro ou com chuva, passando ainda pelo dourado dominante em Valfenda. Tudo isso sem criar diferenças gritantes entre os ambientes, permitindo ao espectador perceber cada isso como parte de um todo, tornando tudo orgânico.
      Temos ainda os espetaculares efeitos visuais. Seja na batalha inicial na derrota de Sauron, nas aparições dos sombrios espectros, na batalha de Gandalf com o Balrog, ou simplesmente por transformar homens normais em anões ou hobbits, somos agraciados com efeitos de primeira, que acrescentam um ar de naturalidade à narrativa, ajudando na imersão do espectador à história. Ainda merecem ser citadas a maquiagem e a direção de arte. A primeira é responsável pela incrível caracterização dos orcs e dos Uruk-hai, assim como o tom de pele perfeito dos elfos e suas orelhas pontudas. A direção de arte cria lindos cenários e ambientes com um detalhismo impressionante. Isso sem citar o figurino, que mesmo sendo para uma história de magos, elfos e hobbits, torna tudo bonito e natural sem ser brega.
      Talvez a maior virtude de "O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel" e suas duas sequências seja contar uma história fantasiosa sem se tornar infantil, e isso graças a Peter Jackson. O brilhantismo do filme reside na capacidade do diretor de tornar um livro de 468 páginas cheias de cânticos em uma história épica e forte, sem descuidar da parte técnica e das características próprias de cada personagem. Como é bom voltar à Terra Média. Sempre que possível, faça o mesmo!


Nenhum comentário:

Postar um comentário