sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Opinião: "Amor e Outras Drogas"

 Avaliação:

Título original: Love and Other Drugs
Gênero: Comédia, romance
Ano de lançamento: 2010
Direção: Edward Zwick
Elenco: Jake Gillenhaal
            Anne Hathaway
            Josh Gad
            Oliver Platt
            Hank Azaria

“Amor e Outras Drogas” é uma comédia romântica transformada em drama. O filme de 2010 é dirigido por Edward Zwick, que também assina o roteiro com mais duas pessoas.
      O longa conta a história de Jamie Randall (Jake Gillenhaal), um vendedor de uma loja de eletrônicos com um talento nato para conquistar mulheres. Demitido da loja após ter um caso com a namorada do chefe, Jamie começa a trabalhar como representante de uma gigante indústria farmacêutica, e logo é designado a trabalhar em uma cidade interiorana. Com seu talento para vendas, ele logo passa a acompanhar o trabalho do doutor Knight (Hank Azaria) na tentativa de empurrar seus antidepressivos aos pacientes do médico. A única consulta que acompanhamos com Jamie é a de Maggie (a bela Anne Hathaway), uma jovem com acometida precocemente com o mal de Alzheimer.
      Jamie e Maggie começam a se relacionar, mas a garota não quer nada sério, preferindo limitar-se a encontros sexuais. Ela preferia viver sozinha, sem compromisso, para que ninguém se prendesse a ela devido a sua doença. Jamie inicialmente aceita, mas passado algum tempo ele passa a buscar algo mais duradouro, mesmo que isso signifique deixar de lado a carreira promissora e se dedicar integralmente à namorada.
      O romance entre os dois protagonistas é bem construído, sem soar artificial ou forçado. Há uma química inegável entre os dois. Anne Hathaway emociona nas cenas mais dramáticas, em uma de suas melhores atuações, sendo a melhor coisa do filme. Já Jake Gillenhaal é bastante competente como Jamie, o conquistador inveterado que se apaixona, exceto na cena em que ele diz “Eu te amo” pela primeira vez, completamente forçado. Mesmo assim, o casal foi indicado ao Globo de Ouro daquele ano, reconhecendo assim o trabalho competente de ambos.
      O grande problema de “Amor e Outras Drogas” reside na troca constante de tom da narrativa. No início temos o humor escrachado, carregado de palavrões e nudez exagerada e gratuita. Em seguida acompanhamos o desenrolar do romance, onde se situam os melhores momentos do longa. E ao final há a transição para o drama, quando Maggie passa a ter sintomas mais fortes de sua doença e Jamie parte em busca de tratamentos para a amada. Talvez o diretor tivesse tentado criar uma comédia diferente dos clichês do gênero, mas acabou forçando a mão. Mesmo nas cenas de drama, durante uma separação do casal, o diretor insere o humor exagerado, completamente fora de hora, tirando o impacto e a emoção da narrativa.
      O roteiro é interessante, mas tem suas falhas. É difícil aceitar, por exemplo, que médicos, pacientes e enfermeiras estejam tão maravilhados com o Viagra vendido por Jamie que cheguem a cercá-lo para receberem suas amostras, numa das cenas mais sem sentido. Ficamos sem entender como Maggie se sustenta, sendo que mora sozinha e aparentemente não trabalha, mas é perfeitamente capaz de andar com um maço de notas ao ir a uma consulta com o médico. E parece também que os sintomas da doença são causados pela presença constante de Jamie, já que afloram ainda mais à medida que o relacionamento avança, e simplesmente some ao final, quando Maggie já passou algum tempo longe do namorado.  E como engolir o irmão de Jamie, que mesmo sendo mais rico que seu irmão mais velho, vai morar com ele, sendo um peso desnecessário na narrativa?
      Em contraponto aos defeitos, o drama vivido pela personagem de Hathaway é bem explorado e tocante. Observe por exemplo seu apartamento bagunçado, que denota a instabilidade e inconstância da protagonista, que vive um dia após o outro tendo a arte como ponto de fuga para seus problemas. É emocionante, também, quando Jamie é confrontado com a possibilidade de passar o resto dos dias com Maggie, cuidando de suas necessidades fisiológicas à medida que a doença progride. É comovente perceber o empenho de Jamie na busca por um tratamento, viajando para diferentes hospitais em busca de algo que torne mais suportável a existência de sua companheira.
      Balanceando erros e acertos, “Amor e Outras drogas” é um passatempo interessante, que seria infinitamente melhor se o diretor deixasse de lado as picardias adolescentes e focasse mais tempo no teor emocional de seus personagens.


Um comentário:

  1. Bom, eu gostei do filme, mesmo com a Pfizer sendo o grande centro das atenções. hehehe

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