Avaliação:
Título original: Love and Other Drugs
Gênero: Comédia, romance
Ano de lançamento: 2010
Direção: Edward Zwick
Elenco: Jake Gillenhaal
Anne Hathaway
Josh Gad
Oliver Platt
Hank Azaria
“Amor e
Outras Drogas” é uma comédia romântica transformada em drama. O filme de 2010 é
dirigido por Edward Zwick, que também assina o roteiro com mais duas pessoas.
O longa conta a história de Jamie
Randall (Jake Gillenhaal), um vendedor de uma loja de eletrônicos com um
talento nato para conquistar mulheres. Demitido da loja após ter um caso com a
namorada do chefe, Jamie começa a trabalhar como representante de uma gigante
indústria farmacêutica, e logo é designado a trabalhar em uma cidade
interiorana. Com seu talento para vendas, ele logo passa a acompanhar o
trabalho do doutor Knight (Hank Azaria) na tentativa de empurrar seus
antidepressivos aos pacientes do médico. A única consulta que acompanhamos com
Jamie é a de Maggie (a bela Anne Hathaway), uma jovem com acometida
precocemente com o mal de Alzheimer.
Jamie e Maggie começam a se
relacionar, mas a garota não quer nada sério, preferindo limitar-se a encontros
sexuais. Ela preferia viver sozinha, sem compromisso, para que ninguém se
prendesse a ela devido a sua doença. Jamie inicialmente aceita, mas passado
algum tempo ele passa a buscar algo mais duradouro, mesmo que isso signifique
deixar de lado a carreira promissora e se dedicar integralmente à namorada.
O romance entre os dois
protagonistas é bem construído, sem soar artificial ou forçado. Há uma química
inegável entre os dois. Anne Hathaway emociona nas cenas
mais dramáticas, em uma de suas melhores atuações, sendo a melhor coisa do
filme. Já Jake Gillenhaal é bastante competente como Jamie, o conquistador
inveterado que se apaixona, exceto na cena em que ele diz “Eu te amo” pela primeira
vez, completamente forçado. Mesmo assim, o casal foi indicado ao Globo de Ouro
daquele ano, reconhecendo assim o trabalho competente de ambos.
O grande problema de “Amor e
Outras Drogas” reside na troca constante de tom da narrativa. No início temos o
humor escrachado, carregado de palavrões e nudez exagerada e gratuita. Em
seguida acompanhamos o desenrolar do romance, onde se situam os melhores
momentos do longa. E ao final há a transição para o drama, quando Maggie passa
a ter sintomas mais fortes de sua doença e Jamie parte em busca de tratamentos
para a amada. Talvez o diretor tivesse tentado criar uma comédia diferente dos
clichês do gênero, mas acabou forçando a mão. Mesmo nas cenas de drama, durante
uma separação do casal, o diretor insere o humor exagerado, completamente fora
de hora, tirando o impacto e a emoção da narrativa.
O roteiro é interessante, mas tem
suas falhas. É difícil aceitar, por exemplo, que médicos, pacientes e enfermeiras
estejam tão maravilhados com o Viagra vendido por Jamie que cheguem a cercá-lo
para receberem suas amostras, numa das cenas mais sem sentido. Ficamos sem
entender como Maggie se sustenta, sendo que mora sozinha e aparentemente não
trabalha, mas é perfeitamente capaz de andar com um maço de notas ao ir a uma
consulta com o médico. E parece também que os sintomas da doença são causados
pela presença constante de Jamie, já que afloram ainda mais à medida que o
relacionamento avança, e simplesmente some ao final, quando Maggie já passou
algum tempo longe do namorado. E como
engolir o irmão de Jamie, que mesmo sendo mais rico que seu irmão mais velho,
vai morar com ele, sendo um peso desnecessário na narrativa?
Em contraponto aos defeitos, o
drama vivido pela personagem de Hathaway é bem explorado e tocante. Observe por
exemplo seu apartamento bagunçado, que denota a instabilidade e inconstância da
protagonista, que vive um dia após o outro tendo a arte como ponto de fuga para
seus problemas. É emocionante, também, quando Jamie é confrontado com a
possibilidade de passar o resto dos dias com Maggie, cuidando de suas
necessidades fisiológicas à medida que a doença progride. É comovente perceber
o empenho de Jamie na busca por um tratamento, viajando para diferentes
hospitais em busca de algo que torne mais suportável a existência de sua
companheira.
Balanceando erros e acertos,
“Amor e Outras drogas” é um passatempo interessante, que seria infinitamente
melhor se o diretor deixasse de lado as picardias adolescentes e focasse mais
tempo no teor emocional de seus personagens.
Bom, eu gostei do filme, mesmo com a Pfizer sendo o grande centro das atenções. hehehe
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