terça-feira, 14 de agosto de 2012

Opinião: "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge"




Avaliação:


Título original: The Dark Knight Rises
Gênero: Ação, aventura
Ano de lançamento: 2012
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale
            Tom Hardy
            Michael Cane
            Morgan Freeman
            Anne Hathaway
            Gary Oldman
            Marion Cottilard
            Joseph Gordon-Levitt

      Com "Batman Begins", de 2005, Christopher Nolan conseguiu reerguer uma franquia quase destruída por um patético "Batman & Robin" de 1997. Com "Batman - O Cavaleiro das Trevas", de 2008, o diretor alçou voos mais altos, criando um filme que respeita a inteligência do espectador e elevando o nível das produções de super-herói. Criou-se assim uma nova aura para o Homem-Morcego, elevando a patamares gigantescos a expectativa pelo fim da trilogia. E "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" não decepciona, mostrando-se um filme empolgante, mas ao mesmo tempo maduro e realista, como seus predecessores.
      Oito anos se passaram desde a morte de Harvey Dent e a última aparição de Batman. O herói assumiu a culpa pela morte do promotor público para que o povo de Gotham não perdesse as esperanças naquele que era o símbolo da honestidade da cidade. Bruce Wayne vive agora isolado na ala leste da mansão, sem fazer aparições públicas há anos. Até que ele se depara com um novo mal na cidade: Bane (Tom Hardy), um mercenário perigoso ex-membro da Liga das Sombras que planeja destruir Gotham. Batman então tem que voltar à ativa, mesmo fora de forma, para enfrentar um vilão frio e meticuloso, o completo oposto do seu último inimigo.
      Somos apresentados ainda a novos personagens, responsáveis por dar novo fôlego e uma nova visão à história: Selina Kyle, interpretada por Anne Hathaway, a ladra conhecida nos quadrinhos como a Mulher-Gato; John Blake (Joseph Gordon-Levitt), um esquentadinho membro da polícia, que desempenhará um papel importante na trama; Miranda Tate (Marion Cotillard), a bilionária que planeja investir no projeto de fusão nuclear das empresas Wayne. Ainda temos o brilhante time de veteranos, composto por Alfred (Michael Cane), Gordon (Gary Oldman) e Lucius Fox (Morgan Freeman), que se não têm muito tempo de tela, são responsáveis por momentos marcantes. Principalmente Alfred, que nos entrega as cenas mais emocionantes do longa.
      O roteiro mais uma vez é intrincado, cheio de reviravoltas, bem ao estilo de Nolan, que o escreveu junto com seu irmão, Jonathan. Bruce Wayne está debilitado, com problemas de saúde. Sua empresa chega à falência após o golpe aplicado por Bane, e fica somente com sua casa. Após ser traído por Selina, o limitado Batman cai nas mãos de Bane e tem seu arsenal roubado. Após uma luta crua, sem trilha sonora, o que ressalta a violência e a crueldade do vilão, o Homem-Morcego é abandonado em uma prisão distante, de onde apenas uma pessoa havia conseguido fugir.
      A estética do novo Batman é irretocável. Os cenários e figurinos são compostos o mais sobriamente possíveis, com o mínimo de cor, conferindo verossimilhança ao longa. A fotografia é responsável por mostrar uma Gotham sombria, nublada, quase monocromática, principalmente durante a ausência do herói. Os efeitos especiais são ótimos, ainda mais se considerarmos que o diretor preferiu efeitos mecânicos, fazendo o mínimo possível por meio digital,tornando tudo ainda mais real e impressionante. A cena inicial, com pessoas penduradas em um avião em queda livre, foram filmadas daquela maneira mesmo, sem o uso de computadores ou bonecos digitais. Ponto para o jeito mais correto e bonito de se fazer cinema. Outro destaque é para a trilha sonora brilhante de Hans Zimmer, pontuando acertadamente cada cena e tornando tudo ainda mais épico e emocionante.
      Tom Hardy está ameaçador como Bane. Se nos quadrinhos ele era apenas um ser enlouquecido que usava na máscara um soro para torná-lo mais forte, aqui Nolan o traz para sua abordagem realista, tornando-o um ser que precisa da máscara para injetá-lo morfina constantemente, sendo que do contrário sentiria dores extremas. Se o Coringa era esquizofrênico, ameaçador pelo simples fato de não seguir planos predeterminados, Bane exige uma meticulosidade incrível,seguindo à risca seu projeto de destruição e terror, tomando as rédeas da situação como um ditador tirano e cruel. O diretor acerta ao filmá-lo de baixo para cima, tornando-o ainda mais ameaçador. O trabalho de Tom Hardy como o vilão é simplesmente fantástico. Mesmo não sendo capazes de percebermos suas expressões com a boca, somos impressionados com seu olhar temível e principalmente as inflexões de sua voz, particularmente amedrontadora. Sentimos ali sua dor e principalmente sua raiva, apenas ouvindo sua voz. Quem optar por assistir à versão dublada perderá todo o brilhantismo de seu trabalho, construído por meses.
      Christian Bale mais uma vez está imponente como Batman/Bruce, reforçando o caráter de intérprete definitivo do personagem, ainda que este seja seu último filme. Sua entrega é marcante, demonstrada principalmente no esforço do herói para retomar a vida dupla após anos de inatividade. A emoção demonstrada por ele ao lembrar da amada Rachel é tocante, conferindo mais humanidade a uma pessoa reclusa e isolada como ele. A diferença da voz empregada para Bruce e Batman novamente merece destaque, conferindo personalidades distintas a personas interpretadas pelo mesmo ator.
      Mais uma vez, Christopher Nolan é magnífico na direção. Ainda que não alcance o nível de brilhantismo do longa anterior, o novo filme tem sua própria personalidade. Os diálogos são fortes, profundos. O que não falta ao longa é ritmo e tensão, desde os momentos iniciais até o desfecho emocionante. Ficamos com um nó na garganta a cada reviravolta, e mesmo que não seja tão tenso quanto o anterior, ainda exige demais do psicológico do espectador. O ritmo é quebrado algumas vezes por cenas necessárias, para o público digerir o que acabou de ver e tome fôlego para o que virá a seguir. Mas as cenas mais lentas não são menos importantes, já que sempre acrescentam uma nova nuance ao vilão e aumentam ainda mais a tensão para o confronto final.
      Nolan consegue novamente mostrar o máximo de seu brilhantismo como novo mestre dos blockbusters. Suas cenas de ação são novamente empolgantes, como em todos seus filmes. Mesmo assim a história não é deixada de lado em momento algum, usando a ação como consequência, e não como motivo de tudo. Os planos gerais que mostram Gotham sendo atacada por vários lados são esplêndidos, ressaltando a capacidade do diretor de conceber cenas belas e empolgantes. Mas o melhor é deixado para o final, quando somos apresentados ao verdadeiro propósito de alguns personagens e aos destinos inimagináveis de outros.
      Depois de todo o sucesso alcançado por Christopher Nolan, elevando Batman ao patamar máximo dos super-heróis e dos filmes de ação com conteúdo, certamente a Warner não demorará a anunciar um reboot. Espera-se que o novo diretor respeite a obra intocável do gênio responsável por três filmes brilhantes e insuperáveis.


Nenhum comentário:

Postar um comentário