Avaliação:
Título original: Jaws
Gênero: Terror, suspense
Ano de lançamento: 1975
Direção: Steven Spielberg
Elenco: Rob Scheider
Robert Shaw
Richard Dreyfuss
Murray Hamilton
"Contatos Imediatos de Terceiro Grau"; "E.T., o Extraterrestre"; "Indiana Jones"; "Jurassic Park"; "A Lista de Schindler"; "Amistad"; "O Resgate do Soldado Ryan"; "A.I. - Inteligência Artificial"; "Minority Report"; "Guerra dos Mundos". O que esses filmes de grande sucesso de público e crítica têm em comum? Todos eles foram dirigidos por uma das mentes mais brilhantes de Hollywood: Steven Spielberg, o diretor que tem mais filmes entre os 100 maiores sucessos de bilheteria da história. Mas talvez nenhuma das obras citadas acima teria existido se não fosse a primeira obra de sucesso de Spielberg: "Tubarão", de 1978, o longa responsável por abrir de vez as portas de Hollywood para um até então diretor desconhecido de apenas 27 anos, dono de uma mente cheia de ideias geniais.
"Tubarão" não foi o filme de estreia de Spielberg, mas foi seu primeiro grande sucesso comercial, e é considerado o pai dos blockbusters, filmes arrasa-quarteirões que faturam milhões de dólares nas bilheterias. No filme, a cidade de Amity vive basicamente do turismo, por ser situada no litoral. O problema começa quando o corpo de uma garota é encontrado na praia com sinais de ataque de tubarão. O prefeito Larry Vaugh (Murray Hamilton) decide então omitir o caso da população para não afastar turistas e prejudicar o comércio, para desespero do chefe de polícia Martin Brody (Rob Scheider), que pretende bloquear as praias e alertar a população sobre o perigo iminente até que o tubarão seja capturado. Ele tem o apoio de Matt Hooper (Richard Dreyfuss), um competente oceanógrafo empenhado na mesma causa do xerife.
Martin então decide ir à praia, não para se divertir, mas para tentar proteger de alguma maneira os turistas e sua própria família. Até que ocorre um novo ataque de tubarão, dessa vez à vista de todos, causando pânico na população. O prefeito se vê então na obrigação de caçar o predador, oferecendo uma recompensa para quem consiga capturá-lo. É aí que surge Quint (Robert Shaw), um bruto caçador de tubarões que pede uma quantia exorbitante para executar a tarefa. Inicialmente contrariado, o prefeito Larry aceita a proposta de Quint, que parte acompanhado de Martin e Matt na caçada.
O primeiro ato serve para conhecermos Amity, sua dependência do turismo, seu ar de cidade interiorana. No segundo ato passamos a conhecer o vilão da história, sua força, a feracidade de seus atos. A atmosfera de tensão é construída gradativamente, prendendo o espectador cada vez mais na história. O que contribui com isso é o fato de o tubarão em si simplesmente não aparecer nas primeiras cenas, sendo apenas a sugestão de sua presença o suficiente para causar medo e apreensão. Azar que virou sorte, já que nas primeiras cenas o tubarão mecânico usado pela produção não funcionava corretamente, o que fez com que o diretor só fosse capaz de nos apresentar a ele a partir da metade do segundo ato.
Spielberg conduz o filme magistralmente. Impecável nas cenas mais impactantes, o diretor cria um clima assustador, mesmo que a maioria das cenas se passe com dias ensolarados. É a sugestividade de um inimigo até certo ponto invisível, mas terrivelmente fatal. Ele cria planos interessantes, como nas cenas em que vemos como se estivéssemos no lugar do tubarão, acompanhando de baixo o balançar das pernas de uma criança na água. À medida que o predador chega mais próximo de sua vítima, a trilha sonora de John Williams dá um show à parte, aumentando a tensão. Difícil não lembrar da música-tema dos ataques do tubarão, muito parodiada nos anos seguintes e até os dias de hoje.
Marcando época, o longa faturou três Oscars: trilha sonora, melhor
montagem e melhor som. Indicado na categoria de melhor filme, perdeu
para "Um Estranho no Ninho". Curiosamente não foi indicado na categoria
de melhores efeitos visuais que, para o ano de 1975, são impecáveis. O tubarão mecânico, por exemplo, é perfeito, passando a sensação de realidade, o que torna tudo mais assustador. Uma pena perceber que efeitos mecânicos são cada vez mais raros em Hollywood, já que é muito mais fácil e prático criar uma cena artificial em computador do que criar algo original e mais crível, como faz brilhantemente Christopher Nolan em seus filmes, seja na trilogia "Batman" ou em "A Origem". Se "Tubarão" fosse feito na época atual, por outro diretor, certamente teríamos um animal feito em computador, artificial. Poderia até ser fantástico, muito bem feito, mas dificilmente alcançaria o nível de perfeição de Spielberg.